Como funciona um marcapasso?

O marcapasso recebe e envia sinais elétricos gerados tanto pelo coração como pelo gerador. Isto ocorre através da interação entre o eletrodo que conduz esta energia e o gerador que a recebe, processa informações e envia estímulos de volta ao coração.

Este complexo mecanismo depende do perfeito estado de interação entre o eletrodo (fio) e o coração. Atualmente esta interação é capaz de perceber o aumento na necessidade do coração, através de medidas consecutivas de impedância, ou aumento da necessidade de freqüência cardíaca quando o indivíduo estabelece alguma atividade física.

O gerador de pulso é o cérebro de todas estas informações. Existem diferentes modelos e tipos de marcapasso que servem para cada tipo de pessoa. Por exemplo, se tivermos um jovem com problemas de queda de freqüência cardíaca importante, após os médicos realizarem todas as investigações, devemos considerar as suas atividades diárias ou até necessidade esportiva para a indicação do tipo de marcapasso e programação específicos. Assim como analisar e adaptarmos às necessidades de um idoso, criança, etc.

A programação é a forma como o marcapasso irá se comportar diante de determinadas situações, como por exemplo: aumento nas atividades físicas, uma queda brusca de freqüência cardíaca, estresse, etc.

Esta programação é padronizada de fábrica (nominal) e posteriormente pode ser modificada no consultório. No pós-operatório é colocado um aparelho sobre o local onde o marcapasso foi implantado e, através da pele são coletadas e enviadas informações.

Quais os tipos de marcapasso?

Existem três tipos mais utilizados de marcapasso:

DDD – Marcapasso bicameral, com dois eletrodos (atrial e ventricular), pode sentir e estimular o átrio e ventrículo sincronizando o ritmo.

VVI – Marcapasso unicameral com um eletrodo (ventricular), pode sentir e estimular o ventrículo, aumentando a freqüência conforme a demanda do paciente.

VDD – Marcapasso bicameral, com um eletrodo (atrial e ventricular), pode sentir o átrio e ventrículo e estimula o ventrículo, sincronizando o ritmo.

O que é um Ressincronizador?

É um “marcapasso” que possui três eletrodos (tricameral) como diferencial possui a capacidade de sincronização de câmeras adjacentes: atrial (biatrial) ou ventricular (biventricular).

Como funciona um Ressincronizador-biventricular?

O ressincronizador biventricular, tem o objetivo de diminuir o tempo de estimulação entre as câmeras ventriculares, principalmente quando este período de ativação elétrica é maior que 150ms. Com a ressincronização existe uma diminuição neste tempo o que pode proporcionar um melhor funcionamento do coração.

Quais os tipos de Ressincronizador?

Os ressincronizadores podem ser:
Biatriais: Com eletrodos em átrio direito e esquerdo.
Biventriculares: Com eletrodos nos Ventrículos: esquerdo e direito. O eletrodo em ventrículo esquerdo pode ser passado pelo seio coronariano via cateterismo ou epicárdico, via mini-toracotomia esquerda.

O que é um cardiodesfibrilador interno (CDI)?

Dispositivo implantado, cirurgia semelhante a um marcapasso, que tem a possibilidade de funcionar como marcapasso na terapia anti-bradicardia (freqüência cardíaca baixa) e especialmente na terapia anti-taquicardia (freqüência cardíaca alta) com a possibilidade de gerar choque ou desfibrilação interna.

O implante ocorre em Hospital preferencialmente no Centrocirúrgico ou Hemodinâmica com toda a monitorização e cuidados necessários, sob sedação profunda ou anestesia geral.

Durante o implante é induzida artificialmente uma arritmia tipo taquicardia ou fibrilação ventricular, e o aparelho de CDI será testado para a identificação e reversão da arritmia através de choque interno. Com este procedimento podemos confirmar a integridade do sistema e a capacidade potencial de reversão numa situação simulada.

Como funciona um cardiodesfibrilador interno (CDI) e como agir em caso de choque?

O aparelho é implantado em pacientes que já tiveram arritmias ventriculares graves ou os que têm alto risco de desenvolvimento de parada cardíaca em fibrilação ventricular. Uma vez identificado pelo aparelho uma arritmia potencialmente grave existe uma série de tentativas de supressão destas e, se houver parada cardíaca (fibrilação ventricular), é iniciada a terapia com choques internos. … (vide IEstimulação cardíaca artificial/ Marcapasso: O que é um marcapasso).

Caso haja terapia com choque, procure manter-se calmo, deitar-se, e solicitar ajuda. Uma revisão deve ser realizada nas próximas 24/48 horas. Se houver um segundo choque, o paciente deve ser transportado imediatamente para o Serviço de Emergência do Hospital no qual realizou o implante, preferencialmente em veículo-ambulância. Lembrar sempre a carteira de identificação do aparelho.

Quais os tipos de cardiodesfibrilador interno (CDI)?

Existem três tipos mais utilizados de CDI:

CDI-DDD – CDI bicameral, com dois eletrodos (atrial e ventricular), pode sentir e estimular o átrio e ventrículo sincronizando o ritmo, o choque é emitido pelo eletrodo ventricular.

CDI-VVI – CDI unicameral com um eletrodo (ventricular), pode sentir e estimular o ventrículo, aumentando a freqüência conforme a demanda do paciente, o choque é emitido pelo eletrodo ventricular.

Ressincronizador/CDI – Com eletrodos em ventrículos esquerdo e direito. O eletrodo em ventrículo esquerdo pode ser passado pelo seio coronariano via cateterismo ou epicárdico (via mini-toracotomia esquerda), o choque é emitido pelo eletrodo ventricular direito.

O que pode e o que não pode um portador de marcapasso, ressincronizador?

Exposição Permitido Orientação específica Não Permitido
Telefonia comum e
Telefonia Celular*
X Dar preferência ao lado contralateral do aparelho.
Aparelhos domésticos X
Porta de banco Apresentar Carteira de portador de marcapasso. X
Porta magnética (lojas,shoppings,etc) X Evitar ficar parado diante das mesmas. Apresentar Carteira de portador de marcapasso.
Detectores de metal
Aeroportos
X Evitar ficar parado diante das mesmas. Apresentar Carteira de portador de marcapasso.
Esportes radicais e lutas marciais Exceções podem existir
a regra.
X
Parque de diversões X Evitar roda-gigante, montanha-russa e os brinquedos radicais. X
Diatermia X
Bisturi ElétricoX X Com programação antes e após a Cirurgia.
Ressonância Nuclear Magnética X

*Proteção contra interferência em tecnologias TDMA e GSM.
Nota: Exposições raras devem ser consultadas especificamente ao seu médico.

Quais as verdadeiras restrições de um portador de  cardiodesfibrilador interno(CDI)?

Exposição Permitido Orientação específica Não Permitido
Telefonia comum e
Telefonia Celular*
X Dar preferência ao lado contralateral do aparelho.
Aparelhos domésticos X
Porta de banco Apresentar Carteira de portador de marcapasso. X
Porta magnética (lojas,shoppings,etc) X Evitar ficar parado diante das mesmas. Apresentar Carteira de portador de marcapasso.
Detectores de metal
Aeroportos
X Evitar ficar parado diante das mesmas. Apresentar Carteira de portador de marcapasso.
Esportes radicais e lutas marciais Após reavaliação médica. X
Dirigir automóvel** Após reavaliação médica. X
Atividades profissionais*** X Após reavaliação médica. X
Parque de diversões Evitar roda-gigante, montanha-russa e os brinquedos radicais. X
Bisturi ElétricoX X Com programação antes e após a Cirurgia.
Diatermia X
Ressonância Nuclear Magnética X

*Proteção contra interferência em tecnologias TDMA e GSM.
**Alguns estudos demonstraram a segurança de portadores de CDI continuar dirigindo. No entanto, este risco deve ser ponderado individualmente com seu médico.
***Atividades profissionais, via de regra, devemos avaliar o risco ao paciente e a terceiros. Esta avaliação inclui opinião de especialistas e médico do trabalho.
Nota: Exposições raras o seu médico deve ser consultado especificamente.

De quanto em quanto tempo deve-se fazer uma revisão?

As revisões em consultório são importantíssimas para estabelecer a melhor interação entre o marcapasso e as necessidades do paciente. Isto pode ser realizado através dos programadores. O programador consiste de um aparelho que através de telemetria sobre o local onde o marcapasso foi implantado coleta (como um Holtercardiograma implantado) e envia informações.

Esta programação é padronizada de fábrica (nominal) e posteriormente pode ser modificada no consultório.

Sugerimos um cronograma de reavaliações geral e que pode ser adaptado individualmente à necessidade de cada pessoa.

Período Análise Programação
15 dias após o
IMPLANTE
Integridade do sistema
Limiares iniciais
Avaliar ferida cirúrgica
Conforme a demanda do paciente
45 a 60 dias
após o IMPLANTE
Integridade do sistema
Limiares subagudos
Solicito HolterCardiograma 24h
Conforme a demanda do paciente
3 ou 6 meses
após o IMPLANTE
(depende das últimas avaliações)
Integridade do sistema
Avaliar demanda de 24horas
Integração do marcapasso com as atividades do paciente
A cada 6 meses Monitorizar arritmias, limiares, impedância e bateria.
Estimar período para troca de gerador (bateria)
Integração do marcapasso com as atividades do paciente e arritmias
Ajuste de consumo
Lembrar a carteira de identificação do marcapasso no agendamento e na consulta.

Quanto tempo dura uma bateria de marcapasso, ressincronizador e CDI?

Depende do modelo, do fabricante, da programação e da necessidade individual. Assim como qualquer aparelho dependente de bateria, o marcapasso, quanto mais requisitado maior o gasto de energia.

Em média um CDI (4 a 6 anos), CDI/RC(3 a 4 anos), MP unicamenral (6 a 10 anos), MP bicameral (6 a 8 anos).

Estas são estimativas médias, consulte o manual do fabricante e principalmente durante as revisões solicite o tempo de bateria residual para ERI – troca de gerador eletiva, ou seja, quando deve ser trocada a bateria.

Lembre-se que após um período inicial o paciente pode requisitar mais ou menos energia, e isto pode interferir no consumo. Alguns aparelhos possuem um elemento de análise constante de demanda e pode reduzir o gasto de energia pelo marcapasso com aumento de longevidade da bateria.

Quais as complicações relacionadas ao marcapasso, ressincronizador e CDI?

Complicações relacionadas ao implante: Embolia gasosa, hemorragia, rejeição corporal, incluindo rejeição local ao nível do tecido, lesão cardíaca, perfuração cardíaca, tamponamento cardíaco, lesões nervosas crônicas, embolia, óbito, endocardite, fibrose excessiva, fibrilação ventricular ou atrial, arritmias, hematoma, formação de cisto, bloqueio cardíaco, infecção, cicatriz tipo quelóide, estimulação muscular ou nervosa, irritabilidade miocárdica, detecção miopotencial, pneumotórax (ar no espaço pleural), tromboembolias, trombose venosa, oclusão venosa, perfuração venosa, ruptura venosa.

Potenciais efeitos adversos relacionados com o sistema: Erosão do eletrodo ou gerador, extrusão, aceleração inadequada de arritmias, abrasão e descontinuidade do eletrodo, migração e desposicionamento do eletrodo, elevação do limiar, lesão na valva tricúspide, etc.

Potenciais efeitos adversos relacionados com o sistema (CDI): Terapia inadequada (choque inadequado), detecção inadequada, choque reentrantes adequados, etc.

Potenciais efeitos adversos relacionados com o sistema (Ressincronizador): Limiar inadequado (biventricular), sincronização não otimizada, etc.